domingo, 18 de agosto de 2013

A leitura em voz alta

Sempre li muito! Antes do ingresso à escola, eu já lia. E em voz alta, porque para mim, ficava melhor o entendimento. 
Hoje, em sala de aula, percebo a importância ainda maior desse recurso já tão esquecido pelo ensino moderno, muitas vezes até tido como arcaico tal método.
O professor Silveira Bueno, em seu manual de Califasia nos fala da importância da leitura em voz alta: "A memória fixa mais fortemente a palavra ouvida que o vocábulo meramente lido". 





Com a palavra, o Professor: 

A leitura em voz alta é uma verdadeira arte. Possivelmente, bem mais difícil e complexa do que a representação teatral. Geralmente, não lhe damos muita importância. A leitura em voz alta educa os músculos da fonação e da articulação, disciplinando os movimentos respiratórios.
É de muito maior eficácia e durabilidade o que se aprendeu, ouvindo, que o que se aprendeu, lendo. A memória fixa mais fortemente a palavra ouvida que o vocábulo meramente lido.
Ouça-se como leitor para ter uma ideia do que experimentarão os alunos quando o ouvirem em classe. Além de fixar melhor as ideias, os conceitos, aprenderá a expô-las de modo vivo, elegante sem ser pedante, em frases bem feitas, bem cadenciadas, naturais, agradáveis.
Outro beneficio da leitura em voz alta está em saber-se dosar a voz, adequando-lhe a força à extensão do ambiente.
Todo escritor deverá depois de escrever a sua página, relê-la em voz alta: muitos defeitos que os olhos não viram descobrem-nos os ouvidos educados.
ENCONTRANDO O TOM MÉDIO, AGUDO E GRAVE
“Bom dia, como esta você?” (tom médio da voz).
Depois de chuva forte, encontramos um táxi e perguntamos: “Está livre?” (tom agudo da voz).
Ao virarmos uma esquina, há um encontro inesperado com um bêbado. Dizemos: “Que horror!” (tom grave da voz)
ACENTO TÔNICO
Cada vocábulo tem um só acento tônico. O acento tônico de verdadeiramente é men; o de  fertilidade  é da.  
RITMO DA FRASE
Há uma constante alternativa de silabas fracas e fortes, átonas e tônicas, nas palavras que temos que ler. O Dr. Oliveira Guimarães, diz que nossa língua tende para o ritmo binário e ternário, ora sílaba forte, ora sílaba fraca.
Casa [Ca (forte); sa (fraca)]
Livro [Li (forte); vro (fraca)]
Mesa [Me (forte); sa (fraca)]
Lágrima [Lá (forte; grim (fraca); ma (fraca)]
Lâmpada [Lâm (forte; pa (fraca); da (fraca)]
Víbora [Ví (forte; bo (fraca); ra (fraca)]
Balcão [Bal (fraca); cão (forte)]
Papai [Pa (fraca); pai (forte)]
Azul [A (fraca); zul (forte)
Misericordiosíssimo [Mi (forte); se (fraca); ri (fraca); cor (forte); di (fraca); o (fraca); sí (forte) ssi (fraca); mo (fraca)]
A INFLUÊNCIA DA RESPIRAÇÃO
1) Manter a posição do tórax reta e completamente livre.
2) Nunca se pronuncie um som que seja, quando estiver inspirando.
3) Nunca respire no meio de uma palavra, no meio de uma frase.
4) Nunca esperar que os pulmões se esvaziem completamente de ar para enchê-los.
5) Procurar as vogais, principalmente a conjunção e, quando se vai dar a passagem de um membro da frase para outro e aí respirar.
CONSELHOS PRÁTICOS
1) Nunca emitir um som sem ter os pulmões cheios de ar.
2) Respirar bem. Nunca falar, inspirando.
3) Nunca forçar a voz, principalmente quando se está resfriado ou enfermo.
4) Não falar ao ar livre, máxime, no tempo frio.
5) Evitar o fumo, o álcool, as pastilhas cáusticas, os agasalhos do pescoço.
6) Nunca falar, quando houver barulho ao derredor, para não forçar as cordas vocais.
7) Ficar em silêncio entre uma conversa e outra entre uma em voz alta e outra consecutiva, e muito mais entre dois discursos. As cordas vocais necessitam de repouso.
8) Parar imediatamente ao se sentir cansado.
9) Nunca atender a bis.



Retirado de:  BUENO, Silveira. Manual de Califasia, Califonia, Calirritmia, e a Arte de Dizer. 7. ed., São Paulo: Saraiva, 1966,




segunda-feira, 10 de junho de 2013

In the beginning



Pegar os irmãos mais novos, sentá-los em tijolos fingindo serem cadeiras, fazê-los apoiarem-se em caixotes, fazendo, estes a vezes de carteira, e numa parede clara, riscar palavras pretendidas como lições com um pedaço de carvão. Assim começa a minha vocação. 
Ensinar aos irmãos e às bonecas quando aqueles se cansavam de minha voz autoritária e enérgica, que os tirava a concentração nas brincadeiras, era, para mim, uma realização maior que raspar a tigela da massa de bolo (naquele tempo, sendo esta a maior vitória de uma criança!).
Pois bem, o tempo passou, e as cadeiras ocupadas eram realmente cadeiras. E havia vida nelas. Algumas tão machucadas pelas histórias que traziam, que era praticamente impossível conferir-lhes algum outro saber; outras, a despeito daquelas, tão regularmente regadas, podadas e cultivadas que o saber corria entre nós como numa correnteza sem obstáculos.
E então, ao amar e ouvir e ler Bento XVI, meu coração e mente foram-se abrindo para a doce e árdua tarefa de ensinar, como quem abraça a Cruz.
É, sim, uma Cruz a ser abraçada, uma vez que estamos perdidos diante de uma educação que já não busca a verdade, mas relativiza inclusive o direito das pessoas à vida. 
Os alunos são submetidos a testes de métodos pedagógicos; são violentados com uma deseducação ímpia e, há algum tempo, não mais silenciosa, mas corroborada pela boca de muitos docentes.
Mas agora levantam-se em muitas partes de nosso país os professores adormecidos. 
Que nossos corações mantenham o firme propósito de levar os que nos são confiados para o céu!
Ergamo-nos!
Que São Miguel Arcanjo nos defenda nesta peleja!